Hermetismo de palavras para quem procura se humanizar através de versos e talvez algumas doses de álcool.
O Caminho para Eldorado As pessoas dormem Com bocas abertas Tento não me mexer muito Por causa do frio de Guiudecca Vou me atrasar de novo Mas pelo menos O único barulho que escuto Ininterrupto, contínuo É o motor do ônibus Suprimido de vez em quando Pela catraca girando E as portas abrindo e fechando […]
Divagando Quanto tempo não passei No interior daquele ônibus? Sentado nas cadeiras azuis Ao lado de vidros foscos E barras de ferro pintadas de amarelo Pensando nas garota que deixei Ou que me deixaram Em peitos, bundas ou sexo Criando histórias Ou escrevendo poemas Me imaginando aproveitando a vida Enquanto a via passar Correndo junto […]
Se você ficasse Se você ficasse, os dias não seriam perfeitos Teriam brigas, dramas, seria um inferno Se você ficasse, você seria ríspida a maioria do tempo Haveriam dias, em que o seu mal humor seria insuportável o dia inteiro Se você ficasse, não seria pontual Iria demorar para se arrumar, marcar comigo e não […]
Viciado Descobri em mim, com horror Um vício inesperado E, entre parágrafos e versos, Não consigo parar de escrever Eu invejo os grandes poetas De Boca do Inferno a Cisne Negro Nunca quis escrever esses poemas Que surgem mais como pensamentos Mas agora que comecei Não consigo parar É como encher os pulmões Com fumaça […]
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Poema da madrugada Começo essa linha levemente sonolento mesmo assim, sem vontade de dormir O silêncio inunda a madrugada as pessoas dormem os pássaros dormem mas eu não Estou mais preocupado em escrever este poema mesmo que não fale sobre nada relevante Realmente seria bom um café para acordar amanhã de manhã o problema é […]
Apocalipse Nos encontramos Em frente ao novo bar Da Cantareira E ela disse Que só poderia ficar Até as duas Havia sinuca E fomos matando Uma garrafa atrás da outra Pulando de bar em bar Conforme foram fechando Ainda estávamos lá Na companhia dos cachorros E mendigos Quando todos já tinham ido Embora Ficamos até […]
Não me deixe Talvez seu fim seja realmente esse. à borda dos vitrais de sua janela num sobrado no centro fumando um cigarro Sozinha O rádio tocando “Ne me quitte pas” não na voz de Jacques Brel, não! numa voz feminina, mais romântica, dolorosa como Maysa Sozinha Não que você merecesse não que você […]
Mente Entorpecida Não sei por que Esses poemas Que escrevo Parecem tirar O peso do meu peito É quando minha mente Se cala E fico apenas Sozinho Mas vejo os fantasmas Pelo vidro da janela E sei que espiam Pela fechadura da porta Apenas esperando Para entrar Sem serem Convidados Foto: Annie Spratt
