Danilo Mattos

  • A Canibal

    A Canibal Fizemos amor, dá pra acreditar? Fazia um tempo que eu só transava Era ela novamente Voltando para retomar o que lhe pertencia Parecia algo cíclico Como a História Condenada a se repetir Frestas do dia abriram-se nas persianas Em um mundo escuro A luz é um intruso Ela levantou-se e pegou uma faca […]

  • Sonhos de um Velho Oeste

    Sonhos de um Velho Oeste Sonhei com este oeste velho Em uma angulosa cidade Onde a noite tingia o mundo de azul Uma cor seca e sombria Entrei no bar E dei um tiro num cara Por alguma rixa antiga Alguém chamou o xerife E eu me escondi armado Atrás do balcão Com meus reféns […]

  • O Frio do Norte

    O Frio do Norte Ela dizia: “Pare de me olhar assim Você piora tudo” Era a distância, claro Uma das maiores Assassinas da história E quando eu abria a tela do computador Lá estava ela me encarando Com aquele olhar de “Eu estava te esperando” Era uma sensação boa Que entorpecia o cérebro Eu cruzei […]

  • Visita do Pretérito

    Visita do Pretérito Estou aqui novamente Cometendo os mesmos erros Vendo a chuva De dentro do mesmo ônibus Como Sísifo empurrando a pedra Montanha acima Apenas Para vê-la cair E recomeçar seu trabalho Ela vem com o cabelo molhado E o rosto pintalgado Não mais que um reflexo Com aqueles olhos esburacados E o sorriso […]

  • Morta Viva

    Morta Viva Encontro-a vez ou outra na academia Alta, de cabelos lisos e escuros O rosto redondo e corado Olhos amendoados e grossos lábios Que ficavam sempre entreabertos Formidáveis seios faziam volume no busto E acompanhando seu corpo magro Ossos dançando com músculos Encontrava-se uma bunda graúda Continuando em pernas Que devoravam olhos Vinha sem […]

  • Quimera

    Quimera 1                Já estava ali há algum tempo, os olhos meio fechados pelo constante assédio do sono. Indagava se Annabel estava dormindo enquanto a observava deitada ao lado dele. Movimentou a mão esquerda precisando de algum esforço para que saísse debaixo do cobertor sem atrapalhar o sono dela. Ele percorreu os cabelos da garota […]

  • O Caminho para Eldorado

    O Caminho para Eldorado As pessoas dormem Com bocas abertas Tento não me mexer muito Por causa do frio de Guiudecca Vou me atrasar de novo Mas pelo menos O único barulho que escuto Ininterrupto, contínuo É o motor do ônibus Suprimido de vez em quando Pela catraca girando E as portas abrindo e fechando […]

  • Divagando

    Divagando Quanto tempo não passei No interior daquele ônibus? Sentado nas cadeiras azuis Ao lado de vidros foscos E barras de ferro pintadas de amarelo Pensando nas garota que deixei Ou que me deixaram Em peitos, bundas ou sexo Criando histórias Ou escrevendo poemas Me imaginando aproveitando a vida Enquanto a via passar Correndo junto […]