Carta de despedida à Lia Janick
Hoje, eu te escrevo pra dizer que mais um pedaço de mim morreu. Mas você já sabia que isso iria acontecer. Eu já sabia. Você só tentava se vendar e consequentemente me convencer de que havia mudado, que tudo seria bom e que seriamos felizes juntos. Mas você tinha que me matar mais uma vez e cuspir em cima.
A verdade é que você não se importa com absolutamente nada que não seja o seu próprio nariz. Tudo é sobre você, sua vida gira em torno de você, o seu ego é muito mais importante que o que você causa na vida das pessoas, ou o que elas fazem para ter você por perto. Aliás, não importa quantas vezes você fale que não faz por mal, que não é uma má pessoa, isso não me desce. Afinal, atirar sem querer em alguém, torna o furo menos doloroso? Não, Lia. Não torna. Para completar, você ainda sorri enquanto pressiona a cápsula com mais força, fazendo com que o filete de sangue escorra ininterruptamente da minha ferida.
Sabe como esse texto começou? Buscando inspiração, ao tentar dar uma olhada no Berlin Artparasites, e lá estava. A sua foto apareceu primeiro, mas não sozinha, você nunca está sozinha. Não existe “Se você ficar”, nunca existiu.
Eu me questiono diariamente como é ser uma pessoa que muda de opinião instantaneamente. Uma pessoa que ignora tudo o que disse pra alguém em um dia e muda sua visão no outro, como se fosse outra pessoa completamente diferente, outra entidade.
– Você consegue ser tantas pessoas ao mesmo tempo? Como é ser uma pessoa que possui o desejo de ser sempre uma filha da puta comigo? É intencional? –
Eu já não acredito que você esteja feliz. Eu acho que você busca constantemente, espantar os fantasmas dentro da sua cabeça, para que eles não venham te amedrontar a noite. Mas sabemos que isso não acontece, porque sempre que deitar sua cabeça no travesseiro, eles vão lembrar do que você fez, do que provavelmente fez com outros, e principalmente do que fez comigo. Você tentou destruir parte de mim, mas você vai acabar se destruindo.
De fato, eu te desejo toda a felicidade desse mundo. Mas minha ausência será uma verdade absoluta constante. Não posso conviver com a mesma existência do seu fantasma. Não dá mais. Essa carta não foi escrita com o objetivo de te machucar, mas com o objetivo de evitar que eu me machuque novamente.
A cada lágrima que ousar pensar em derramar ao ler essa carta, pense em todas as dores que eu senti, pense na raiva de mim mesmo, pense na decepção, no coração, em todas as suas promessas, pense nas lágrimas que eu derramei por você.
E é por isso que eu me despeço finalmente de você, Lia.
Ecleticamente boêmio e desesperadamente romântico. Cada pé na bunda rende mil cervejas e alguns poemas.