Ninguém te conta sobre o preço da saudade
E mesmo que o tivessem contado
nada mudaria
Esta o cobra não pelo bolso
mas é sentido na pele
no peito
e no coração
Nenhum dinheiro no mundo
compraria o tempo
de ver seus pais envelhecerem
escrevendo memórias diárias
Mas a saudade o cobra
com saltos temporais de cinco, dez anos
ou mesmo décadas
Pisque os olhos agora, e aqui estão
pisque novamente e não estarão
Esse é o preço da saudade
O tempo
E a relatividade espaço-temporal
é uma entidade cruel
Seus amigos viverão as melhores histórias
sem você
terão filhos
que nem vão saber quem você é
ou foi para os seus pais
Você não estará lá nos aniversários
Nos natais Réveillons
Nem em nenhum outro feriado
Não poderá visitar
seu restaurante favorito quando quiser
Nem comer
seu prato favorito quando quiser
Nem visitar aquele seu lugar de conforto
Aquela praia que sempre amou
Vai deixar de viver amores
Ou revivê-los
Porque não está
nem “onde” e nem “quando”
deveria estar
E só te restará sentir
e pagar o preço
que a saudade vai cobrar
E ela sempre cobra.
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Ecleticamente boêmio e desesperadamente romântico. Cada pé na bunda rende mil cervejas e alguns poemas.