Hoje estava esvaziando o armário da cozinha e depois de tirar todas as dezenas de panos de prato que nunca realmente são usados, um objeto rolou pra fora do armário e caiu no chão.
Era aquela garrafa térmica de metal que você comprou, lembra? Acho que a garrafa foi sua última tentativa em nós… Você comprou, encheu de vinho quente e insistiu que a gente fosse pro centro ver a feirinha de natal. Naquela época eu não sabia a importância dessa garrafa.
Eu abri a tampa e pude sentir o perfume velho de vinho, anis-estrelado, canela e laranja, tudo junto. E minha mente viajou pra aquela noite em um segundo. Quando a gente foi comprar os jogos de prato pra ceia de natal, e você parecia tão feliz.
Tudo seu já foi embora da minha vida. Não tem mais nada aqui que você tenha comprado. Essa garrafa é de fato, o seu último artefato.
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Ecleticamente boêmio e desesperadamente romântico. Cada pé na bunda rende mil cervejas e alguns poemas.