Numa noite de estrelas amarelas sonhei: Sentado em um trono, no seu castelo estava um rei que observava em sentimento mergulhado uma donzela. Olhei, para ela e perguntei: – Porque neste teu rosto salpicado vejo cairem lágrimas ao seu lado? –
“A ti minha bela e a mais ninguém apelo que de sua forma inocente e com seu jeito tão singelo inspirou bondade até neste monarca, habituado a viver somente nas ruínas deste castelo.” – Disse o rei aos pés da donzela prostrado afagando com ternura seu rosto corado.
E a donzela sem saber como se exprimir indagou ao soberano – Você seria capaz de dividir comigo, seu coração em solidão moldado?–
Mas ela não ficaria, teria de partir. Pois o rei, ao invés de falar, este foi seu pecado. Ele se manteve calado!
E a donzela tendo por fim partido, deixou o monarca do pórtico na soleira. Apenas a contemplar a insossa poeira à qual aquela mesma poeira ele fora reduzido.
Embora o velho rei já não pudesse mais tê-la, por vezes ele ainda a via dançando. Não em seu castelo, mas quando de noite, olhava para a mais brilhante estrela.
Foto: @jccards