É estranho quando acontece
Chega sorrateiro,
quando não se espera
Por isso todos o buscam
cada uma à sua maneira
Mas não adianta
Ele sai quando quiser
e chega quando quiser
Um belo dia,
dividia uma cerveja sozinho
No outro
uma escova de dentes nova no banheiro
Minha toalha de rosto
virou toalha de cabelo
As camisas não usadas
já não estão mais nos cabides
viraram pijamas
As defesas são desativadas
uma a uma
inúteis
as defesas se provam
indefensáveis
A cerveja agora chega com dois copos
O brilho da tv precisa ficar no mínimo
Não há mais silêncio em casa
apenas gargalhadas
As plantas
que viviam aos trapos
e brigavam por sua sobrevivência
hoje vigoram de brilho e saúde
assim como eu
Até o frio e a escuridão
encarados solitariamente
deram lugar ao verão e ao sol
que iluminam a minha cozinha
perfumada pelo cheiro do café
que passou a ficar pronto
todas as manhãs
Um dia
o amor bate a porta
no outro
o amor bate à porta
Imagem: @SuperKitina, Unsplash
Ecleticamente boêmio e desesperadamente romântico. Cada pé na bunda rende mil cervejas e alguns poemas.