Hoje eu fui ao médico bem cedo
O dia estava horrorosamente nublado
E o meu coração não parecia estar nada bem
Como já era de se esperar
Acho que ele já passou por bons bocados
E não foi pela quantidade de merda
Que eu como
Ou bebo
Enquanto esperava
eu tive o vislumbre do meu futuro alternativo
Quando olhei pra uma cadeirinha pequena
Uns lápis de cor dentro de um pote
E uns papeis espalhados com desenhos simples
A cadeirinha estava vazia
Mas por um segundo não estava
Nela eu pude ver alguém que não existe
E provavelmente nunca vai existir
Não nessa universo pelo menos
Em algum universo alternativo ela existe
Mas ainda não está pronta
Para aquela cadeirinha
Pois ainda precisa do colo de outros
Mas ela iria começar a usar seu próprio corpo em breve
Depois suas próprias pernas
E enfim seria capaz de expressar o que pensa
Com ondas sonoras
E quem sabe num futuro
Estaria ali sentada me esperando
Enquanto fazia desenhos parecidos
Como aqueles que lá estavam
A luz da aurora que limpou aquele dia nublado
Cruzou a janela da sala de espera
E reluziu um facho de luz nos meus olhos
E meu vislumbre foi interrompido
Pela Aurora.
Photo: @dyuha at pexels.com
Ecleticamente boêmio e desesperadamente romântico. Cada pé na bunda rende mil cervejas e alguns poemas.