Sobre Misto-Quente
Podemos encontrar já atrás do próprio livro que quem não leu Misto-Quente, não leu Bukowski. A história nos conduz pela grande depressão da crise de 29 até a entrada dos EUA na segunda grande guerra, com o ataque a Pearl Harbor.
Henry Chinaski, alter ego do próprio Bukowski no livro, luta para sobreviver em uma américa distópica, destruindo completamente qualquer ilusão hollywoodiana sobre o sonho americano. Ele cresce em um cenário miserável, evoluindo como uma verdadeira criatura de Frankenstein durante sua adolescência, sofrendo com a pressão da expectativa de seus pais até a própria realidade em si que se mostra impiedosa nos aspectos mais triviais. Embora com o corpo forte e robusto, o que lhe permite recorrer á violência sempre que possível, sua aparência torna-se pouco mais que grotesca com os problemas de pele que desenvolve, isso acaba tornando-o introspectivo e é parte dos motivos que faz Henry voltar-se aos livros para depois vir a tornar-se um dos últimos escritores malditos de seu tempo.
Diferente de outros poemas do autor, que são mais pensamentos, ou de suas outras histórias auto biográficas, aqui percebemos sua verdadeira solidão. É nesse livro que Bukowski narra como se transformou nele mesmo e somos carregados pela perspectiva de um personagem que quer apenas passar sem ser notado na vida e faz pouco mais que sobreviver.