Ar condicionado
E se eu te disser que sinto falta daquele pão com queijo acompanhado de um copão de Coca. Isso muda alguma coisa? Acho que não muda nada, mas as vezes eu lembro dele.
Eu posso mudar o assunto e dizer que meu quarto continua frio como o polo norte, porque agora não tem ninguém pra reclamar do frio fodido e meter o dedo no meu ar condicionado. Mas o curioso é que eu sinto falta disso.
Bate uma nostalgia tremenda com relação a nossas brigas de quente versus frio. Eu, praticamente o rei do Norte, e você tão quente que derretia tudo (às vezes até eu me derretia por isso). Brigávamos insistentemente pra que o chuveiro ficasse quente/frio, frio/quente. O ar também era uma constante batalha entre frio e quente. Mas em uma coisa a gente concordava: A cerveja tinha que ser estupidamente gelada.
E todas as tampinhas que caiam da minha cômoda e se espalhavam pelo chão enquanto a minha cama balançava, parece que ainda estão por aí e que à qualquer momento eu vou pisar em alguma delas quando eu chegar bêbado as três da manhã. Mas eu não vou, por que elas não estão mais no chão. Assim como minha escova não tem mais fios brancos, meus copos de cerveja não acabam duas vezes mais rápido (porque você não quis pegar um pra você e preferiu bebericar o meu), nem tem mais garrafas de vinho vazias pelo chão do quarto. Mas o mais curioso é que eu sinto falta de tudo isso.
Não importa o quanto eu me lembre, esses tempos já foram. Mas sempre que olho pro meu pulso direito, eu lembro de tudo isso. E eu sei que você também se lembra.
Foto: Jason Eppink
Ecleticamente boêmio e desesperadamente romântico. Cada pé na bunda rende mil cervejas e alguns poemas.