Veríssimo

Veríssimo

Eu te vi hoje. Você não reparou, mas eu te vi. Não falei com você pois a gente não tinha mais o que falar um com o outro. Mas eu tenho que admitir que foi legal te ver, mesmo de longe.

Você estava naquele Balada Mix do centro. Era por volta de meio dia, então presumi que fosse seu horário de almoço. Eu tinha resolvido passar por ali, pra pedir uma bife com fritas e um suco. Sentei no balcão e confesso que foi nostálgico te ver ao passar o olho no fundo do restaurante.

Como sempre você estava no telefone, trocando mensagens com alguém que devia ser muito interessante, porque você sorria igual uma boba olhando praquela tela. Exatamente como você fazia comigo. O garçom chegou, anotou seu pedido e muito antes dele voltar eu já sabia o que era. Aquele sanduíche de rosbife com mostarda preta, Veríssimo o nome, não é? Lembro de você falar que eu precisava experimentar. De fato, eu acertara. Era mesmo o sanduíche que você tanto falava.

Constantemente me dava esporro para eu me alimentar melhor, mas olhe só: Você estava comendo um sandubão no almoço de uma terça-feira! Mas eu relevo, afinal você estava bem feliz revezando entre seu celular e o Veríssimo. Aliás, me pergunto por quê esse nome. Seria uma homenagem ao escritor? Talvez. Aquele sanduíche me fez observar um curto momento, um tanto reflexivo.

O meu pedido chegou, mas antes de pegá-lo, dei uma última olhada em você. Talvez a última que darei na vida. Mas olhei atento praquele momento, enquanto você observava os carros passando na rua naquela tarde de terça.

Fui embora, mas lhe deixei com Veríssimo.

Foto: A nigga in Rio