Viciado

Viciado

Descobri em mim, com horror
Um vício inesperado
E, entre parágrafos e versos,
Não consigo parar de escrever

Eu invejo os grandes poetas
De Boca do Inferno a Cisne Negro
Nunca quis escrever esses poemas
Que surgem mais como pensamentos
Mas agora que comecei
Não consigo parar
É como encher os pulmões
Com fumaça
Ou turvar a mente
Através do álcool
E é também tão insubstituível 
Quanto sexo

A dependência da leitura
Persiste
E anda adjacente
Como velhos conhecidos
De mãos dadas
Á necessidade
De criar

Foto: Joanna Kosinska