O Caminho para Eldorado As pessoas dormem Com bocas abertas Tento não me mexer muito Por causa do frio de Guiudecca Vou me atrasar de novo Mas pelo menos O único barulho que escuto Ininterrupto, contínuo É o motor do ônibus Suprimido de vez em quando Pela catraca girando E as portas abrindo e fechando É sempre um prazer ir para o Rio Ainda mais em dias de chuva Ficar olhando os carros se acumulando Em uma linha que parece não ter fim Pela janela fosca E salpicada de gotículas Escorrendo vez ou outra Esse é o resultado de uma cidade Que não é feita para pessoas Ao lado do número Na frente do ônibus Bem perto do GÁVEA que sumia E depois reaparecia Havia os dizeres monocromáticos: "Abandonem a esperança Aqueles que aqui entrarem" E seguimos nossas rotinas Morrendo aos poucos Talvez de propósito Foto: NASA